Ao quinto império
Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar, Sem que um sonho, no erguer de asa Faça até mais rubra a brasa Da lareira a abandonar! Triste de quem é feliz! Vive porque a vida dura. Nada na alma lhe diz Mais que a lição da raiz Ter por vida a sepultura. Eras sobre eras se somem No tempo que em eras vem. Ser descontente é ser homem. Que as forças cegas se domem Pela visão que a alma tem! E assim, passados os quatro Tempos do ser que sonhou, A terra será teatro Do dia claro, que no atro Da erma noite começou. Grécia, Roma, Cristandade, Europa--- os quatro se vão Para onde vai toda idade. Quem vem viver a verdade Que morreu D. Sebastião? ....
Fernando Pessoa
Enviado por Fernando Pessoa em 07/04/2005
Alterado em 14/06/2011 Áudios Relacionados:
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